domingo, 20 de janeiro de 2013

As dificuldades e desafios enfrentados por deficientes quando o
assunto é namoro são tema de uma série transmitida pela televisão
britânica nesta semana. Em diversos relatos, deficientes físicos e
mentais contam as barreiras que têm de superar para conquistar uma vida
amorosa bem-sucedida.
Agência de encontros especializada em deficientes também participa do programa - Reprodução/BBC
Reprodução/BBC
Agência de encontros especializada em deficientes também participa do programa
Adrian Higginbotham, de 37 anos, conta que para ele, que é cego, as
dificuldades começam no primeiro contato, o ponto de partida para
qualquer relacionamento. "Você não pode entrar em uma sala de modo
casual e dar aquela olhada. Você não pode sorrir para alguém que você já
viu duas vezes anteriormente passando pela rua", diz Higginbotham.

Com um título provocante, o programa The Undateables (que poderia ser traduzido como Os Inamoráveis)
conta histórias como a de Higginbotham e virou alvo de discussões
acaloradas nas redes sociais principalmente por conta do título.
O programa mostra ainda uma agência de namoros especializada em
pessoas com dificuldade de aprendizagem, a Stars in the Sky, que
assegura que seus clientes cheguem seguros ao local do encontro e os
ajuda a encontrar "a pessoa certa". A agência diz já ter organizado mais
de 180 encontros desde 2005, com um saldo de um casamento, uma união
entre pessoas do mesmo sexo, três noivados e 15 relacionamentos sérios.
Reações
O programa mostra que, apesar de muitos deficientes estarem casados e
felizes ou não terem dificuldades para namorar, outros enfrentam uma
gama variada de reações e, às vezes, atitudes estranhas, principalmente
quando o par não sofre de deficiência.
Lisa Jenkins, de 38 anos, relata sua experiência em um encontro com
um amigo de um amigo que não sabia que ela tinha paralisia cerebral.
"Nós entramos em um bar e ele imediatamente desceu os degraus diante de
nós. Eu tentei descer, mas simplesmente não consegui. Não havia
corrimão", conta.
Quando seu acompanhante perguntou se algo estava errado, Jenkins teve
de contar sobre sua paralisia cerebral. "Eu podia ver a mudança em seu
rosto. Ele ficou instantaneamente menos atraído por mim", diz. "Eu já
tive homens que se sentiam atraídos por mim, mas achavam que havia algo
de errado com eles por isso."
Jenkins conta que já chegou a ouvir de um potencial pretendente que ele "sempre teve interesse por sexo bizarro".
Em uma sondagem feita em 2008 pelo jornal britânico The Observer, 70% dos entrevistados disseram que não fariam sexo com um deficiente.
Shannon Murray, uma modelo na casa dos 30 anos, há 20 em uma cadeira
de rodas, conta que, quando era adolescente, alguns rapazes lhe
ofereciam uma bebida e em seguida perguntavam se ela ainda podia fazer
sexo.
Internet
O programa discute também a era dos encontros pela internet e um novo
dilema surgido com ela: um deficiente deve revelar sua condição
imediatamente ou esperar que as pessoas o conheçam melhor antes de
contar sobre sua deficiência.
Murray - que tem sempre em seu telefone uma lista de bares e
restaurantes com acesso fácil para cadeiras de rodas, com medo de
parecer pouco independente em um primeiro encontro - diz que já fez os
dois. Ela conta que em apenas uma ocasião um pretendente resolveu
abandonar a relação após descobrir que ela era deficiente.
Murray diz que tentou também a abordagem oposta, colocando em um site
de relacionamentos comum uma foto em que sua cadeira de rodas era bem
visível e uma frase bem-humorada, dizendo que, se o interesse da pessoa
era escalar o Everest, ela não poderia ir junto, mas ficaria no campo
base e tentaria manter a barraca aquecida.
"Esperava que, revelando minha deficiência assim, no início, geraria
menos interesse, mas acabei recebendo mais respostas do que quando
escondia a cadeira. Fiquei entre as cinco mulheres que receberam mais
atenção no site naquela semana", conta.

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